Tuesday, April 22, 2008

Jornal do Brasil Redução em Reserva Legal pode ser de 50%
Mudanças no Código Florestal preocupam ambientalistas
Márcio Falcão

Sem muito alarde, deputados articulam na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara alterações no Código Florestal brasileiro. As mudanças que estão sendo costuradas deixam os ambientalistas em alerta. A principal preocupação é com os efeitos para as florestas do país. O ponto central prevê a redução, para fins de recomposição, da área de Reserva Legal na Amazônia de 80% para 50% nos imóveis rurais. A área de preservação pode ser reduzida para até 30% da propriedade, no caso de uso para plantio de espécies florestais com técnicas de manejo ambiental.
Na Amazônia, atualmente, é lícito desmatar 20% de uma propriedade, o restante é considerado Reserva Legal, área protegida por lei. A proposta prevê ainda que as áreas florestais desmatadas na Amazônia poderão ser replantadas não apenas com espécies nativas, mas também exóticas, como dendê e outras plantas de uso comercial. Ambientalistas chamam o projeto de floresta zero, pois entendem que ele amplia e legaliza o desmate, e sustentam que a proposta atende aos interesses da bancada ruralista e do setor dos biocombustíveis.
Os deputados da comissão, no entanto, negam qualquer pressão para aprovar a matéria e dizem que na realidade estão amarrando o desmatamento, uma vez que, mesmo que ocorra a ampliação das áreas já devastadas para exploração destinadas à agricultura ou à pecuária, não pode haver novas agressões. O relator do projeto, deputado Jorge Khoury (DEM-BA), rechaça a idéia de que as mudanças estimulam o desmatamento. Khoury argumenta que um dos objetivos é incentivar os proprietários de terra a recuperarem suas reservas legais mediante uma alternativa financeira.
O deputado afirma que a medida que permite a plantação de espécie exóticas tem a aprovação da Embrapa.
– Temos argumentos técnicos de que muitas espécies exóticas surgem de nativas e, portanto, não causam nenhuma agressão ao meio ambiente local – destaca Khoury.
Outro ponto polêmico em discussão, mas que ainda não é consenso, estabelece uma definição mais branda para as áreas de proteção permanente (APPs). Pela proposta, somente áreas de mata atlântica acima de 850 metros de altitude seriam consideradas APPs. Valdir Colatto explicou que foi contra a aprovação do projeto do novo código por causa da definição legal sobre a Mata Atlântica, segundo a qual áreas com altitude acima de 850 metros devem ser de proteção permanente (APPs). Alguns parlamentares argumentam que a proposta descaracterizaria alguns territórios.
– Com este novo critério para a regulamentação da Mata Atlântica, pretende-se fazer um ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente, dizendo que campos altos, que devem ser destinados às APPs, são aqueles com até 850 metros. Santa Catarina perderia 32% do seu território, se isso acontecesse – afirma o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).
Sem força
O relator acredita que esta sugestão não ganha força para ser aprovada, mas diz que ainda analisa as indicações dos deputados favoráveis.
– Estamos trabalhando com cautela. A sociedade pode ficar tranqüila que não haverá prejuízos para algum para o nosso meio ambiente. Estamos tentando controlar uma situação que não tem como ficar pior – afirma Khoury.


Jornal do Brasil Alívio em Belford Roxo, problema na Barra da Tijuca
Atendimento no Hospital da Aeronáutica cresce com transferência de tenda
Felipe Sil

A transferência de uma tenda de hidratação no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, para Belford Roxo, na Baixada Fluminense, significou um alívio para a população da Baixada Fluminense. Porém, ao mesmo tempo fez com que o número de pacientes com sintomas de dengue no Hospital de Campanha da Aeronáutica, na Barra, aumentasse em 50%. Enquanto no sábado o local recebeu 258 pessoas, ontem o estabelecimento improvisado das Forças Armadas quase teve a sua capacidade, que é de 400 pessoas, atingida.
Com isso, o prazo final para o término das operações – 31 de maio – pode ser estendido. A expectativa da Aeronáutica era de que o número de pacientes diminuísse a tal ponto que o hospital pudesse ser fechado até antes do final do próximo mês.
O segurança Fábio Zeferino da Silva, de 29 anos e morador do Pechincha, em Jacarepaguá, estava com dores no corpo e nos olhos, mas não pôde ir no local em que sempre era atendido.
– Eu já tinha ido para a tenda de hidratação no Retiro dos Artistas algumas vezes e ali era diagnosticado. Como decidiram terminar com aquilo, agora vim para o hospital porque disseram que o trabalho é muito bom – diz.
Queda interrompida
O aumento do atendimento no Hospital de Campanha da Aeronáutica interrompe a série de duas semanas seguidas de queda nos números de pacientes com sintomas de dengue no local. Nos primeiros dias de operação, o limite da capacidade do estabelecimento era atingido por volta de 12h. Ontem, nesse horário, o hospital só havia atendido 90 pacientes.
No início do mês, 60% das pessoas por dia, em média, eram diagnosticadas com dengue. No no fim de semana, apenas 28% dos pacientes estavam realmente com a doença. A grande maioria, segundo os médicos, portava algum tipo de virose.
– O número de pessoas que procuram os postos de triagem diminuiu consideravelmente desde o início das nossas operações aqui na Barra. Só que agora muitos que iriam para a tenda de hidratação de Jacarepaguá estão vindo para cá. Esse movimento, portanto, deve voltar a aumentar um pouco nos próximos dias – revela a tenente Fany Veiga, responsável pelos postos de triagem.
O atendimento, segundo os pacientes, não foi afetado pelo maior número de pessoas com sintomas de dengue no hospital.
– Meu filho está sendo muito bem tratado. Há três dias que ele está com febre, diarréia e manchas na pele – conta a vendedora Deise Oliveira dos Santos, de 18 anos e mãe de Caio dos Santos, de apenas 11 meses.
Um detalhe curioso revelado pelas Forças Armadas é que o Hospital de Campanha da Aeronáutica já atendeu mais de 7 mil pessoas, o que corresponderia a mais de 10% dos atendimentos de dengue em todo o Estado do Rio de Janeiro.


Jornal do Brasil Analistas militares ou marionetes do Pentágono?
Dossiê revela: governo tem manipulado cobertura jornalística americana
David Barstow
The New York Times

No verão de 2005, o governo Bush enfrentou uma vigorosa onda de críticas sobre a polêmica prisão de Guantánamo. Em meio a novas denúncias de abusos contra os direitos humanos, especialistas eram convocados a ensaiar o fechamento do centro de detenção. Os peritos em comunicação do governo responderam rapidamente às críticas: logo colocaram um grupo de militares reformados em um jato, que voou para Cuba em um passeio cuidadosamente orquestrado.
Para o público, esses homens são membros de uma fraternidade familiar, presentes milhares de vezes na TV e no rádio como "analistas militares", com experiência o bastante para dar sua opinião sobre os mais importantes assuntos da nação.
No entanto, escondido por trás dessa aparente objetividade, há um verdadeiro aparelho manipulador de informações do Pentágono. Em outras palavras: esses analistas são usados em prol de uma cobertura jornalística favorável à performance da administração Bush nesses tempos de guerra, aponta um dossiê preparado pelo New Tork Times. O material revela 8 mil páginas de mensagens eletrônicas, transcrições e gravações que descrevem anos de reuniões secretas, viagens ao Iraque e ao Gantánamo, e um extenso relatório esmiuçando os pontos da operação do Pentágono.
Esses registros mostram uma relação simbiótica, onde a habitual linha divisória entre governo e jornalismo foi apagada. Documentos internos do Pentágono muitas vezes se referem aos analistas militares como "multiplicadores da mensagem da Força" e "representantes", incubidos de propagar o discurso do governo para milhões de americanos, "na forma de suas próprias opiniões".
O esforço, que começou durante a Guerra do Iraque e que continua nos dias atuais, tem tentado explorar lealdades ideológicas e militares, e também uma poderosa dinâmica financeira: a maioria dos analistas têm vínculos com as empresas do ramo militar, às quais muito interessam as diretrizes de guerra.
Ao todo, são cerca de 150 militares contratados, seja como lobistas, executivos ou consultores. As empresas envolvidas abrangem pesos pesados da defesa, mas também pequenas companhias, todas parte de um vasto conjunto que arrecada centenas de bilhões de dólares nos negócios militares gerados pela administração da guerra e do terror. Trata-se de uma competição furiosa, na qual uma informação privilegiada é altamente valorizada.
Cavalo de Tróia
Gravações e entrevistas mostram como a administração Bush tem usado o seu controle sobre a informação em um esforço para transformar os analistas em uma espécie de "mídia Cavalo de Tróia" – um instrumento destinado a plantar o terrorismo na cobertura de redes de rádio e TV.
Analistas têm participado de centenas de sessões privadas com altos dirigentes militares, incluindo oficiais com significativa influência sobre contratações e questões orçamentárias, revelam as gravações. Eles também participaram de visitas ao Iraque e tiveram acesso a informações secretas.
Vários analistas negaram veementemente que tenham sido cooptados ou que interesses comerciais tenham influenciado seus comentários na mídia. Alguns, inclusive, alegaram que têm usado seu espaço na imprensa para criticar a condução da guerra. Outros, no entanto, expressaram remorso por participar disso que consideram "um esforço para ludibriar o povo com uma propaganda disfarçada de análise militar independente".
Enquanto isso, o Pentágono justifica seu envolvimento com os analistas militares afirmando que foram fornecidas somente informações factuais sobre a guerra.
– Nossa intenção é apenas informar o povo americano – afirmou o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman.


O Estado de São Paulo Lula e ONU querem conferência de emergência
Jamil Chade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ONU chegaram ontem a um acordo para a realização de uma conferência de emergência para discutir a situação no Haiti. Durante visita de Lula a Gana, o presidente brasileiro conversou durante uma hora com o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. “Pedimos ao Brasil que continue comprometido no Haiti”, afirmou Ban. Ainda não há data nem local escolhidos para a conferência. A crise de alimentos levou a violentos protestos nas ruas da capital haitiana, Porto Príncipe, há algumas semanas. Em meio ao clima tenso no país, o Brasil teme que seus soldados sejam obrigados a reprimir a população do Haiti, o que poderia prejudicar a imagem da missão brasileira.

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